Fonte: Nádia Franco / EBC

Em março, a balança comercial brasileira fechou com um superávit de US$ 7,482 bilhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Apesar de representar uma queda de 30,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, este resultado posiciona março de 2024 como o terceiro melhor desempenho para o mês, apenas atrás dos recordes alcançados em 2022 e 2023.

No acumulado dos primeiros três meses de 2024, o superávit comercial alcançou US$ 19,078 bilhões, o maior valor para o período desde o início da série histórica em 1989, evidenciando um aumento de 22,2% em comparação ao ano anterior. Contudo, a despeito deste saldo positivo, a queda nos preços de commodities chave como a soja e o petróleo, além do impacto do feriado de Semana Santa, contribuiu para a diminuição do superávit em março.

As exportações brasileiras sentiram o peso de um mercado global desafiador, com uma redução de 14,8%, totalizando US$ 27,98 bilhões em março, comparado ao mesmo mês de 2023. As importações também recuaram, porém em menor escala, com uma queda de 7,1%, somando US$ 20,498 bilhões. Este cenário reflete, em parte, o menor número de dias úteis do mês devido aos feriados.

No detalhamento dos setores, observou-se que o declínio nos preços internacionais da soja, do petróleo e das carnes influenciou significativamente a retração das exportações. Em contrapartida, houve um leve aumento nas vendas de produtos como algodão, café e frutas, que não foram suficientes para contrabalancear a queda dos demais itens. Já no âmbito das importações, a diminuição nas aquisições de fertilizantes, petróleo e derivados, e compostos químicos foi notável.

O comportamento das commodities vem mudando desde meados de 2023, especialmente após os recordes de 2022 desencadeados pelo início do conflito entre Rússia e Ucrânia. Exceção feita ao minério de ferro, cuja demanda permanece aquecida pelos estímulos econômicos chineses.

Diante da volatilidade do mercado internacional e da desvalorização das commodities, o governo ajustou suas expectativas para o superávit comercial de 2024, reduzindo a projeção de US$ 94,4 bilhões para US$ 73,5 bilhões. Esse ajuste reflete uma visão mais cautelosa sobre o comércio exterior, contrastando com as projeções mais otimistas do mercado financeiro, que antecipa um superávit de US$ 82 bilhões para o ano.

A economia brasileira e sua balança comercial enfrentam um cenário de incertezas globais, com ajustes necessários nas expectativas diante das mudanças nos preços das commodities e nas dinâmicas de comércio internacional. A próxima revisão das projeções está marcada para julho, quando novos dados poderão fornecer uma visão mais clara do caminho que o comércio exterior do Brasil está tomando em 2024.

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